30 de jun. de 2020

Guardados Para o Arrebatamento

Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela, para a santificar, purificando-a pela lavagem da água pela Palavra, para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível. Efésios 5: 25 a 27

A igreja é como um copo de água, aquele tanto de água que vemos, na verdade, é um número de moléculas tão pequenas que nossos olhos não podem ver se estiverem separadas. Imagina que este copo com água está marrom, sujo de terra, e cada uma dessas moléculas estão de braços abertos olhando pra cima e dizendo: dá-me a tua Palavra. Então Jesus, com outro copo de água (que é a Palavra) vem e derrama uma água limpa dentro desta, e aquela é capaz de tirar toda a mancha de sujeira desta aqui.

Quando desejamos a Palavra em nossos corações, ela tem a capacidade de tornar a nossa vida limpa, apesar da nossa natureza hoje ainda não ser perfeita. O que isso significa? A Palavra de Deus não vai nos santificar, ela já foi dada a nós e já nos santifica hoje mesmo. Cristo disse aos discípulos: Vós já estais limpos pela Palavra que vos tenho falado - João 15: 3. Ele não disse “pela Palavra vocês serão santificados”, mas disse: “já estão limpos pela Palavra”. Isso quer dizer que a santificação pela qual orávamos e que esperávamos ansiosamente já aconteceu.

A Palavra de Deus é algo tão poderoso que é capaz de limpar a igreja. Aquilo que nós não somos capazes de realizar ela faz. Ela é o agente de transformação de uma igreja constituída de seres limitados em igreja gloriosa. O pecado é algo capaz de sujar e manchar para sempre a vida de uma pessoa, mas pela Palavra de Deus em nós esse poder se desfaz. A igreja será apresentada à Cristo sem ruga porque pela Palavra ela não envelhece, não se cansa, está sempre recebendo vida aguardando o noivo. Irrepreensível, embora imperfeitos, por ser um corpo santificado pela atuação da Palavra de Deus sobre nós.

Quando olhamos para nós mesmos não vemos essa santificação e nem veremos. Ao santo de Deus não convém enxergar-se como um, porque Jesus disse que quando fazemos aquilo que nos foi ordenado precisamos sentir que fizemos apenas a nossa obrigação e nada mais que isso - Lucas 17 v. 10. Então aquele que tem seu coração sincero pra Jesus tem total consciência que é falho, e essa é a boa oportunidade que vai produzir em nós um sentimento de dependência de Jesus, necessidade do Reino de Deus em nós.

Os sinceros de coração não ousam dizer a Cristo o que fazem para que o Reino esteja sobre eles, ao contrário, eles tem a sensação de que fazem muito pouco ou quase nada em concordância com a vontade de Deus. Este sentimento os levará à uma busca constante por seguir a vontade de Deus, eles vão orar por isso, vão atentar no dia a dia para que ela seja cumprida.

Aí está a diferença entre aquele que é justificado e o que não é, a posição do coração. Comparando a história daquele que orou e saiu justificado, como disse Jesus, sua oração foi de dependência do Reino de Deus (Lucas 18: 9 a 14). Como quando nós estamos num lugar reservado e paramos para receber um pouco da Palavra de Deus, o sentimento que nos leva para a Palavra é exatamente o “eu preciso de um pouco dela para me encher”.

Existem pessoas hoje que sentem tamanha necessidade que cercam a sua vida apenas de coisas que o remetem à Palavra de Deus, leitura, pregações, louvores, o dia todo, 7 dias por semana. Por que fazem isso? Elas sentem que seus corações são como a terra do deserto e suas vidas são vazias, e só a Palavra vem como água em resposta para essa sede.

Outras pessoas o fazem por religião como se isso fosse um fardo, mas isso não dura muito tempo. Elas se perdem no foco com outras coisas, porque ainda não colocaram o seu coração no caminho certo. Essas pessoas, bem provavelmente, tomaram a decisão de buscar a Palavra baseados em um sentimento de necessidade também, porém não enraizado, não consciente e que não excluiu todo o resto. Buscar o Reino de Deus não pode ser baseado numa emoção momentânea, mas é uma decisão de vida! Uma importante decisão que exige perder tudo, colocar todo o resto de lado e deixar o coração puramente à serviço da vontade de Deus: “Venha a nós o teu Reino, seja feita a tua vontade, tanto na terra como no céu”.

Não é muito que podemos fazer, pois a santificação vem por parte do Espírito proveniente de Cristo e não de nós mesmos. O que podemos fazer é decidir amar a Palavra de Deus no seu sentido mais puro e genuíno, então a santificação virá sobre nós. Ela está além dos nossos limites, o poder não é humano, mas é de Deus.

Em quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa;
O qual é o penhor da nossa herança, para redenção da possessão adquirida, para louvor da sua glória.
Efésios 1:13,14

Em quem também vós estais” - Paulo está falando de uma posição que é vivida pelos irmãos em Cristo, eles entraram para o corpo. Não são mais pessoas sob o domínio dos deuses, eles têm as vidas escondidas em Cristo Jesus.

O que operou essa ligação entre os irmãos e Cristo? O que os fez entrarem para o corpo de Jesus Cristo? É exatamente o que Paulo descreve a seguir: “depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação”.

Um irmão pode ser do corpo ou não ser. Quando ele é? Quando ouviu a Palavra, a voz de Jesus Cristo, o Evangelho que salva. Ouviu misturando com fé, assim a Palavra foi semeada no coração. Este está ligado ao corpo de Cristo enquanto a Palavra estiver viva no seu coração. Busquemos, pois, que essa chama não se apague.

A semente vivificada no coração é aquela que germina e, não encontrando barreiras, cresce regada com fé. A Palavra sem fé é descartada ao pé do caminho, não acerta o alvo que é a transformação de vida.

Este trecho merece um exame mais detalhado nas Escrituras. Como disse antes, o cristão pode não ser pertencente ao corpo, é o caso da semente que foi semeada ao pé do caminho. Um coração endurecido do tipo: “essa Palavra não serve pra mim”, ou “não é bem assim”, ou ainda “prefiro ficar na graça e no amor”. Estas duas últimas apesar de serem verdades têm sido usadas como escudo para barrar a entrada da própria Palavra como desculpa para o pecado e não crer no Evangelho.

Há ainda mais uma forma de não ser participante da Igreja, ela está relatada em Hebreus 6: 4 a 6. Esta é a pior coisa que pode acontecer ao cristão, pois a que foi apresentada anteriormente pode vir a mudar, mas esta é permanente.

Mas do que estamos falando? Se um irmão ou irmã for iluminado, recebendo a Palavra de Deus em seu coração e crer tornando-se participante do Espírito Santo, depois disso voltar atrás apostatando da fé nos ensinamentos do Filho de Deus, é impossível que seja inserido novamente no corpo. Para que isso pudesse ocorrer, seria necessário que o Filho de Deus fosse novamente crucificado.

Um exemplo para ficar bem claro o assunto: Alguém ouviu o Evangelho, creu e tomou a decisão de ser batizado nas águas, depois de alguns anos a pessoa recebe uma semente maligna que a ensina contra o batismo, então ela passa a pensar que o seu batismo não significou nada.  Essa pessoa simplesmente pisou no sangue de Cristo, fazendo agravo ao Espírito que nos reveste quando cremos no Evangelho.

Voltando ao trecho que estávamos estudando de Efésios, vejamos a parte “tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa”. Crer no Evangelho com o coração puro, limpo de todas estas coisas que acabamos de ver, o Espírito Santo que foi prometido por Deus Pai (Lucas 24: 47 e Atos 1: 4 e 5) para todos os que são discípulos, habita em nós como um selo.

Sem entrar em detalhes vou usar aqui o selo romano para exemplificar o do Espírito. O selo que foi usado na tumba de Jesus era o selo oficial do governador romano representando o poder e a autoridade do Império Romano. A finalidade de estar ali era impedir que alguém mexesse no sepulcro. Ele também era um modo de autenticação, provando que é real ou genuína, um meio de proteger sob a autoridade do Império Romano.

O selo do Espírito Santo que não é físico, mas espiritual, em nós significa toda essa proteção, porém sob uma autoridade maior que é Deus o Pai. Com ele temos sobre nós a autenticação de pertencentes a Deus, guardados de principados, potestades e todos os nomes que incluem o reino espiritual. Algo tão maravilhoso está sobre todo aquele que ama verdadeiramente a Palavra de Deus.

“O qual é o penhor da nossa herança, para redenção da possessão adquirida, para louvor da sua glória”, Paulo consegue juntar nesta frase o começo e o fim da vida do cristão aqui nesta terra. Quando ele diz que o selo do Espírito Santo é o penhor da nossa herança, está referindo-se a Cristo quando disse: Vou e venho para vós, mas não vou deixá-los sós, enviarei o Consolador (baseado em João 14).

A palavra penhor tem por significado o ato ou palavra que assegura o comprimento de um compromisso, obrigação ou promessa. Portanto, o selo do Espírito Santo sobre nós significa dizer que estamos guardados para o cumprimento da promessa da vinda do nosso Senhor Jesus Cristo. Porque Ele disse que voltaria para nós, nos selou para este dia.

Então Paulo escreve: “para redenção da possessão adquirida”. Quando Cristo nos comprou, Ele não tinha o propósito de nos deixar aqui neste mundo de trevas para sempre. Nós estamos aqui até que se cumpra a vontade de Deus, até que se acheguem ao Reino do Pai todos quantos hão de herdar a salvação. Depois deste momento, nós seremos resgatados para viver não mais sob a criação dos deuses, mas num lugar que Deus preparou para nós.

O selo do Espírito Santo está sobre nós para que por ele sejamos identificados como pertencentes a Deus no dia da redenção.

Vamos explicar sobre a palavra redenção na Bíblia de maneira rápida para que não fiquem dúvidas quando ler textos onde ela aparece. A Bíblia fala de redenção sob dois aspectos: o primeiro é a obra de Cristo para nos redimir do pecado e o segundo é o resgate de uma determinada prisão, e este último está falando do dia do arrebatamento.

Enquanto estamos no mundo, estamos presos ao sistema onde precisamos comprar e vender, somos suscetíveis ao reino espiritual à espreita o tempo todo querendo nos derrubar, tentações para ficarmos nervosos, pecados no pensamento, tudo isso faz parte deste corpo no qual fomos aprisionados pela criação carnal. Porém, todas estas coisas serão extintas no dia da redenção – Romanos 8: 18 a 23.

Tem ainda um último texto onde o apóstolo Paulo fala destas coisas, está em Efésios 4: 17 a 30. Ele fala sobre a dureza do coração para receber a Palavra, da dissolução que é jogar fora aquilo que aprendemos da parte de Deus (apostatar), fala de coisas que as pessoas se defendem usando a desculpa da graça e do amor de Deus para não obedecer a Palavra e termina dizendo:

E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual estais selados para o dia da redenção. Efésios 4:30

Vamos finalizar o estudo trazendo à luz o fato comprovado pela Escritura: Se você tem desejo pela Palavra de Deus para a sua vida, você é parte do corpo de Cristo e tem o selo do Espírito Santo no qual toda a igreja está guardada para o dia da redenção.

 

5 de jun. de 2020

A PARÁBOLA DO RICO E LÁZARO



A parábola da qual vamos tratar neste estudo bíblico apresenta-se no Evangelho de Lucas 16: 19 a 31. Ela contém ensinamentos que são pertinentes desde a época de Jesus até os nossos dias. Vamos, então, ao estudo.

Ora, havia um homem rico, e vestia-se de púrpura e de linho finíssimo, e vivia todos os dias regalada e esplendidamente. Havia também um certo mendigo, chamado Lázaro, que jazia cheio de chagas à porta daquele. Lucas 16:19 e 20

A primeira coisa que me vem a mente é por que Jesus escolheu um nome para essa parábola? Por que Ele não disse apenas havia um rico e um mendigo para exemplificar algo do Reino de Deus? Isso quer dizer que Ele não se referia a uma riqueza ou pobreza física, esse não era o sentido que Jesus queria mostrar aqui. A intenção de Jesus era ser bem específico, pois o nome Lázaro demonstra isso. Esse nome tem por significado miserável, aquele que tem chagas ou lepra.
  
Jesus queria mostrar que de um lado estava alguém que tinha chagas e do outro lado alguém que era rico, tinha fartura. Se olharmos para o sentido físico, não podemos ver uma razão para essas duas figuras estarem opostas, mas se aplicarmos o sentido espiritual podemos perceber uma lógica para as duas figuras.

Jesus compara esse homem rico à um povo rico, não de bens materiais mas de bênçãos espirituais e a maior delas é o próprio Evangelho. Existe um povo a quem a salvação foi primeiro anunciada, este povo é o judeu – Romanos 1: 16. Assim também o Salvador do mundo todo, primeiramente foi prometido para salvar Israel – Atos 13: 22 e 23.

O apóstolo Paulo conta detalhadamente como Deus enviou Jesus primeiramente aos judeus em Atos 13: 34 a 39 para justificação dos que Nele crêem. Pelo fato do judeu poder receber a promessa antes, isso faz desse povo ter uma posição privilegiada sobre todos os habitantes do mundo, justificando assim o que fora dito por Jesus que “aquele homem vivia esplendida e regaladamente”.

Durante seu ministério aqui na terra, o Senhor Jesus escolhe doze discípulos, todos eram judeus. Depois disso, Ele instrui os discípulos a saírem para pregar o Evangelho, e de forma bem explicita ordena que seja pregado primeiramente aos judeus – Mateus 10: 5 e 6. Após a morte e ressurreição de Jesus, eles perderam a essa posição de privilégio? Não. Ao enviar os discípulos como testemunhas, Cristo disse: ser-me-eis testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até os confins da terra – Atos 1: 8. É bem verdade que o Evangelho espalhou-se por todo o mundo, porém foi exatamente nessa ordem que aconteceu.

A veste do homem rico citado na parábola por Jesus, faz menção à veste do sacerdote de Israel. Veja em Êxodo 28: 2 a 5

Veremos agora, quanto o povo judeu era privilegiado por viver sobre promessas, tais como esta:

E assim todo o Israel será salvo, como está escrito: De Sião virá o Libertador, E desviará de Jacó as impiedades. Romanos 11:26

Jacó aqui significa toda a casa de Israel, para quem foi prometido ser livre do pecado por intermédio de um Salvador. Olhando fixamente para este momento da humanidade, sem considerar outros tempos futuros, podemos então distinguir uma divisão clara entre um povo santificado (ou que deveria ser santificado) e outro povo perdido em pecados, estes são os gentios os quais não tinham nenhuma promessa.

E desejava alimentar-se com as migalhas que caíam da mesa do rico; e os próprios cães vinham lamber-lhe as chagas. Lucas 16:21

Segundo o ministério da lei, os gentios não tinham sequer a esperança de salvação antes de Jesus vir cumprir o plano de Deus para a redenção da humanidade. Como mostra o Salmo 10: 16: O Senhor é Rei eterno; da sua terra perecerão os gentios.

Sentença sobre a terra como um todo, a terra criada por Jeová. E mais uma vez ele confirma que suas bênçãos são exclusivas para Israel: E habitarei no meio dos filhos de Israel, e lhes serei o seu Deus - Êxodo 29:45
Sem esperanças, os gentios alimentavam-se de qualquer migalha. Foi essa a expressão da mulher Cananéia em Mateus 15: 22 a 28.

Seria então essa a razão do nome tão específico escolhido por Jesus para usar nesta parábola? De um lado alguém rico por promessas e bênçãos, do outro alguém miserável e cheio de chagas.

A própria Bíblia explica o que são as chagas. Em 1 Reis 8: 38 fala a respeito de uma chaga que está no coração e no 39 se refere a perdão. Obviamente está se referindo a pecado do coração. Também Davi se refere a ele mesmo como um homem de chagas por uma loucura, a descrição perfeita de um homem que perde completamente a razão e adultera, isso está em Salmos 38: 1 a 5.

Jesus ainda diz na parábola sobre alguns cães que lambem as chagas. A Bíblia esclarece quem são: Todos os seus atalaias são cegos, nada sabem; todos são cães mudos, não podem ladrar; andam adormecidos, estão deitados, e gostam do sono. E estes cães são gulosos, não se podem fartar; e eles são pastores que nada compreendem; todos eles se tornam para o seu caminho, cada um para a sua ganância, cada um por sua parte. Isaías 56:10,11

Pastores que nada compreendem porque não havia luz em seus olhos e mente, gostavam de, em nome da religião, sugar as pessoas insaciavelmente. Suas pregações não produziam e até hoje não produzem vida porque permitem e concordam com o pecado. Os pastores da antiga aliança não podiam arrancar o pecado, só lamber, pois Cristo que nos mostra a cruz não estava lá. Hoje temos a manifestação de Cristo, mas alguns preferem andar segundo as ações daqueles pastores incentivando o pecado.

Quando um pastor incentiva o pecado? Quando prega o reino da matéria colocando o mundo no coração do homem. O antigo testamento foi escrito para pessoas que querem promessas terrenas, nisto não está a verdade. É por isso que a Bíblia resume a verdade ao ministério de Cristo e exclui dela o ministério da lei – João 1: 17.

Percebemos no Novo Testamento que a pregação de Cristo leva as pessoas a olhar para o reino celestial, a partir do Evangelho de Mateus sem nenhuma variação. Nas palavras de Jesus, se nosso tesouro está no céu, também ali estará o nosso coração, e que não devemos ajuntar tesouros aqui na terra para que nosso coração fique preso – Mateus 6: 19 a 21.

Depois de toda essa explicação que traz uma distinção clara à respeito do Antigo e Novo Testamento, uma provável dúvida seria: “Por que Deus o Pai enviaria Jesus primeiramente à casa de Israel?”. Possivelmente algumas pessoas se contentariam com a explicação de que Jesus precisava cumprir as Escrituras, e de fato como o Messias prometido, tudo o que acerca Dele estava escrito precisava se cumprir.

Mas existe outra questão que está contida na expressão de Jesus Cristo quando se refere à Israel. Veja em Mateus 15:24, Ele diz: “ovelhas perdidas da casa de Israel” e também no Evangelho de Mateus 9: 36 conta que Jesus vê esse povo como “ovelhas que não tem pastor”. Sabemos que essas coisas foram ditas em território Israelense, sobre o judeu e para judeus (os discípulos).

Olhando para a Palavra de Deus, não consigo ver outra explicação senão a que Jesus, por compaixão de um povo perdido sem pastor, veio primeiramente a eles. Cristo conhecia o reino espiritual e se Ele considerava assim, sabia bem o que estava falando.

Então, conforme a parábola, é neste momento da história, quando Jesus vem à terra, que tudo muda de figura.

E aconteceu que o mendigo morreu, e foi levado pelos anjos para o seio de Abraão; e morreu também o rico, e foi sepultado. E no inferno, ergueu os olhos, estando em tormentos, e viu ao longe Abraão, e Lázaro no seu seio. Lucas 16:22,23  

Aqueles a quem a promessa de um Salvador foi feita, não quiseram Jesus – João 1: 11. Diante de um Messias pobre, pacificador, não envolvido com a política da época, nem com qualquer outro interesse terreno, este povo deu preferência às promessas que havia no Antigo Testamento amando o mundo e não o céu.

Não posso dizer que todos os judeus agiram dessa forma, pois os onze discípulos O receberam primeiramente, e depois outros a quem foi pregado o Evangelho também foram agregados à salvação.
                                                                            
Então aquele que era rico em vida, na sua morte foi ao Hades. Sabemos pela Bíblia que a salvação opera pela fé em Jesus Cristo, assim, não importa o quanto a pessoa viveu na lei, ou se ela era religiosa, se servia algum deus, se cometia boas ações. A salvação passa exclusivamente por Jesus (Atos 4:12), e os judeus O rejeitaram.

Já o mendigo, a Parábola diz que “morreu e foi levado pelos anjos para o seio de Abraão”. Considero duas mortes nesse trecho, a primeira que é a conversão onde o mendigo olha para o Salvador e recusa o mundo, e a segunda morte que vai trazer a figura de Abraão no lugar de Deus o Pai. Você pode ver esta relação em Hebreus 11: 17 a 19.

Lázaro é salvo por crer no Salvador, o povo gentio recebe Cristo como Senhor enquanto os judeus O desprezam. Mesmo sem promessas, Jesus alcançou os gentios e eles O receberam por fé. Agora já não há distinção de um povo escolhido e outro não, como está claro em Efésios 2: 14 e 15.

Agora cada um encontra-se em um lugar distinto. Tão rapidamente quanto diz na parábola pela expressão “erguendo os olhos”, o rico se viu no lugar onde há tormento. Já Lázaro foi levado pelos anjos ao céu. Não esperaram, nem dormiram.

E, clamando, disse: Pai Abraão, tem misericórdia de mim, e manda a Lázaro, que molhe na água a ponta do seu dedo e me refresque a língua, porque estou atormentado nesta chama. Lucas 16:24

Neste versículo 24 vemos uma ligação entre esta parábola e a discussão entre Jesus e os judeus que não criam Nele relatada em João 8. O fato do rico chamar Abraão de Pai é a primeira indicação. Aqui, Jesus está mostrando claramente que está falando do judeu, pois eles se consideravam filhos de Abraão (João 8:33). Como se Cristo dissesse: “Vocês se acham filhos de Abraão, mas se não crerem em mim, vão terminar no Hades”( João 8: 24, 39 e 40).

Para que creiam, Jesus descreve os tormentos como fogo, sede e falta de água que, no inferno, enfrentarão os que não creram Nele. E mesmo depois de ter dito isso, eles continuavam desprezando o Salvador do Mundo. Mas qual seria a razão pela qual eles insistiam em não crer?

Receber Jesus Cristo significava romper com a lei, desligar-se do que lhes conferia status, muitos privilégios. Ora, desde garotos estes eram preparados para alcançar esta posição! Jesus significava viver diferente, se submeter a uma vida limpa não de aparência, mas em verdade. Para seguir Jesus era (e ainda é) necessário pagar um alto preço de despojamento. Os templos, o círculo de convivência, o respeito que as pessoas tinham pelas seitas judaicas, tudo isso e muito mais teria que ficar para trás para aquele que quisesse ouvir e reconhecer Jesus Cristo como seu Senhor.

E eu vos digo: Granjeai amigos com as riquezas da injustiça; para que, quando estas vos faltarem, vos recebam eles nos tabernáculos eternos. Lucas 16:9.
Em outras palavras, “se desfaçam das riquezas terrenas para receber aquela que é eterna”.

Esse ato de vender as riquezas terrenas para adquirir as riquezas celestiais só faz sentido para aquele que ouve e atenta à Palavra de Deus. Aquele que não escuta atentamente não pode ter a certeza de que existe uma riqueza bem maior da qual vale a pena se desfazer de tudo aqui para ganhá-la. Sem essa certeza, como tomar tal decisão?

É por isso que o versículo seguinte completa o mesmo raciocínio: Disse, porém, Abraão: Filho, lembra-te de que recebeste os teus bens em tua vida, e Lázaro somente males; e agora este é consolado e tu atormentado. Lucas 16:25

Estejamos atentos a estas palavras de Jesus que exemplifica com a decisão do judeu, mas que serve para todo aquele que age semelhantemente e embora tenha a Palavra à sua disposição, se despoja dela trocando-a por outros tesouros materiais e passageiros.

E, além disso, está posto um grande abismo entre nós e vós, de sorte que os que quisessem passar daqui para vós não poderiam, nem tampouco os de lá passar para cá. Lucas 16:26

Uma vez que uma pessoa fez sua escolha em vida, já está determinado o que encontrará na morte. Aquele que preferiu bens ou privilégios na terra à Jesus Cristo, será como aconteceu com rico por toda a eternidade. Mas se preferiu despojar-se e crer como Lázaro, também viverá como a parábola descreve para sempre. Não há chance de mudar durante a eternidade. É necessário ouvir a mensagem da salvação e do Salvador agora.

E disse ele: Rogo-te, pois, ó pai, que o mandes à casa de meu pai, Pois tenho cinco irmãos; para que lhes dê testemunho, a fim de que não venham também para este lugar de tormento. Disse-lhe Abraão: Têm Moisés e os profetas; ouçam-nos. Lucas 16:27-29


O rico pede à Abraão que envie Lázaro, estando morto, à casa de seu pai para falar que existe um inferno, que precisam se despojar, crer, etc. Então Abraão responde: eles tem a lei e os profetas. Os judeus tem a lei e não a ouve, eles tem os profetas e também não os ouve, porque tanto a lei como os profetas trazem as evidências suficientes que Jesus é o Messias prometido à Israel e mesmo assim eles não ouvem. Veja que, através dessa parábola, Jesus mostrou o que disse em João 5: 39 e 40: “Examinais as Escrituras, porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de mim testificam. E não quereis vir a mim para terdes vida.

E disse ele: Não, pai Abraão; mas, se algum dentre os mortos fosse ter com eles, arrepender-se-iam. Porém, Abraão lhe disse: Se não ouvem a Moisés e aos profetas, tampouco acreditarão, ainda que algum dos mortos ressuscite. Lucas 16:29-31

Jesus está dizendo aos judeus: “Eu vou morrer e ressuscitar, mas mesmo assim vocês não crerão em mim. Mesmo após a minha ressurreição não ouvirão. Esta é a prova de que vocês não atentam com sinceridade à lei e os profetas que de mim testificam”.

O povo judeu, amando a terra e as coisas aparentes seguiu uma religião vazia. Não viram a verdade que estava em Jesus Cristo, ou se viram, não se importaram. Mas a decisão de não crer, de não se despojar das coisas desta vida passageira estabelece um peso para a eternidade.

Que nós, possamos olhar atentamente para Cristo que é a verdade e fielmente segui-Lo como Ele nos ensinou.

Amigo(a) do blog, deixe seu comentário

Amigo(a) do blog, deixe seu comentário