Irmãos, este estudo produziu em mim alegria em ver o guiar de Cristo sobre cada estudo feito até aqui. E com a mesma alegria eu quero compartilhar com vocês, entendendo o valor que foi pago por cada vida considerando a importância de se conhecer esta verdade.
Vinde a mim, todos os que
estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós
o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e
encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve.
O personagem Cristão no livro de John Bunyan adquire um fardo
nas costas ao ler o livro que fala sobre um Salvador e uma cidade celestial. Ele
aprende que será arrastado pelo fardo para o inferno. Cristão encontra-se
cansado e sem esperança por não ver como se livrar daquilo. Até o momento que
conhece outro personagem chamado Evangelista, este tem o papel de mostrar o
caminho que sai da Destruição e leva à Cidade Celestial.
No decorrer desse caminho, Cristão encontra a libertação do
fardo ao chegar bem diante da cruz. Uma sucessão de fatos ocorrem antes disso
acontecer, ele tem alguns deslizes, mas se esforça para seguir no único caminho
que leva ao céu. Este é um exemplo do caminhar de um cristão verdadeiro.
O autor retratou que um cristão ao iniciar sua busca pelo
Salvador no Evangelho tem os olhos espirituais abertos e passa a conhecer seu
próprio pecado. Ele tem consciência que o pecado é o fardo pesado que o arrastará
para o inferno. Querendo se livrar do peso do passado encontra diante da cruz a
libertação. Em Jesus há descanso para a sua alma, esse descanso vem pela graça
quando um pecador atento às palavras de Jesus sai do caminho do pecado para
andar no caminho que leva à vida eterna.
Quando uma pessoa deseja Jesus, seus ensinamentos são leves e
suaves. É com muita alegria que o cristão verdadeiro se alista para a batalha,
porque ama Aquele que o chamou. Porém quem não ama Jesus vê os seus
ensinamentos como algo penoso e difícil de carregar. A alma aflita é reflexo
daquele que não encontrou em Cristo o descanso que a graça traz.
O conceito da graça em meio a apostasia dos últimos tempos
foi trocado de algo que custou a vida do Salvador para algo barateado. Pregadores falam da graça como se fosse um
direito adquirido de conveniência para aquele que quer permanecer no pecado. Com
este estudo queremos levá-lo à reflexão e compreensão do verdadeiro valor da
graça.
O conceito de graça é bastante difundido, mas qual é, na
prática, o significado dela? Qual é o papel que ela desempenha na vida de uma
pessoa? Creio que a resposta mais comum seria que ela significa o perdão de
pecados concedido por meio do sacrifício do Nosso Salvador. Ela tem sido
oferecida como um remédio farto para todo o tipo de pecado ao pecador. A graça
é um assunto que não se esgota, mas tem sido pregada apenas como “perdão
infindável para pecados”.
Jesus disse que pelo fruto nós conhecemos a árvore. Qual
tem sido o fruto da pregação da graça, atualmente? Será que ela tem operado
para libertar do pecado ou para satisfazer o ego do pecador? A pregação a
revela com aparência terrena ou celestial?
Por que as pessoas quando querem justificar seus pecados
pensam rapidamente na graça? O quanto ela se parece com o resto do Evangelho?
Será que ela é uma parte independente dos ensinamentos de Jesus? Pode a graça
ter um lado que diverge do convite para a cruz, negue-se a si mesmo ou o seguir
a Jesus?
O valor da graça pode estar na boca de quem prega. A pregação
incompleta da graça pode oferecer conveniência, a exposição perfeita da graça
convida para a mudança. Tudo depende de como ela é apresentada, se é
instrumento puro de facilitação ou se ela é revelada como parte Evangelho.
Se pregarmos sobre a graça, precisamos abordar o assunto por
completo a fim de que ela não seja oferecida como um Evangelho de conveniência.
Para isso, precisamos saber o que ela exige de nós e quem são as pessoas que
tem o direito à graça.
O valor dela também pode estar ligado à forma como é ouvida. A
mesma pregação sobre a graça pode ter um significado para um pecador
arrependido que busca novidade de vida e outro significado para um pecador
cauterizado (perda de sensibilidade) que busca uma chance de abafar a voz da
sua consciência.
A importância da graça está nos olhos de quem a vê. Para
alguns ela pode ser um bem precioso, nosso elo com Deus para a salvação, para
outros pode ser um benefício de uso diário e que não muda.
Veja dois exemplos de cristãos:
O primeiro é aquele que pensa: “Vou pecar mais uma vez,
depois vou orar e Deus vai me perdoar”. Veja que essa pessoa comete o pecado
conscientemente porque acredita que logo depois alcançará o perdão. Há cristãos
que tem uma concepção da graça como uma desculpa fixa e disponível para si. Ele olha para o caráter gracioso de Deus com a
certeza que essa graça está sobre ele. Ele caminha certo de que a graça pode
justificar qualquer pecado que venha a cometer mesmo antes de cometê-lo.
Essa graça oferecida sem nenhum critério traz uma segurança
que não é verdadeira, ela dá a idéia cômoda que o cristão está livre para pecar
e ser perdoado repetidamente. Então esse cristão não tem nenhum motivo para
desligar-se do pecado, afinal há justificação para todas as suas falhas. Sendo
assim ele pode continuar tendo a mesma vida que sempre teve.
Essa é a graça barata que não atenta ao preço que foi pago
pelos pecados e nem mesmo ao fiador.
O outro exemplo de cristão é aquele que se encontra
freqüentemente mergulhado na Bíblia. Ele ama a Palavra de Deus, medita nela
para conhecer a vontade do Pai e procura andar dignamente segundo essa vontade.
Com o passar do tempo e sua dedicação no estudo da Bíblia, passa a ter uma
facilidade em discernir aquilo que faz parte do Reino de Deus proposto para a
sua vida e o que não faz.
Esse cristão se
incomoda com o seu pecado e por amar Jesus luta para se desvencilhar deste mal.
Ele dedica tempo orando por libertação, se espelha no caráter de Jesus e
angustia-se com esse mundo. Ele entende que o preço pago por seus pecados foi
alto demais, por isso peca mais do que gostaria e para ele a graça é a cura
para seus pecados que passaram.
A graça preciosa não separa o pecador do Evangelho, ele
consegue enxergar a si como um pecador que precisa de regeneração, que precisa
ser lavado. A graça preciosa desperta no pecador a necessidade de negar a si
mesmo. Pois ele não quer desagradar Àquele que o chamou para a graça.
A mulher adúltera em João capítulo 8 do versículo 1 a 11, talvez
seja a história mais pregada quando o assunto é a graça. Ela conta à respeito do
encontro de Maria Madalena com Jesus. Uma mulher que vivia no pecado e foi
levada a Jesus pelos religiosos na intenção de que Ele mandasse a apedrejar.
Vejamos o que diz no versículo 11:
E ela disse: Ninguém, Senhor. E
disse-lhe Jesus: Nem eu também te condeno; vai-te, e não peques mais.
João 8:11
João 8:11
Jesus usando de sua graça ofereceu a ela o perdão pelos seus
pecados. Assim a graça tem sido pregada como perdão para os nossos pecados e
não há nada melhor para um pecador do que saber que existe perdão para nossas
falhas. Porém a mensagem trazida por Jesus nesse versículo ainda não está
completa quando olhamos apenas para o perdão oferecido. Ainda há de se dizer da
outra parte da graça que está contida no “vai e não peques mais”.
A graça tem o papel de perdoar o passado de um pecador que se
arrepende. O arrependimento traz em si o a mudança de vida. O convite de Jesus
para Maria Madalena sair do pecado revela onde a graça atua.
O texto em sua origem nos revela que Maria Madalena era
sensual e sexualmente imoral. Jesus que não faz acepção de pessoas, então a
chamou para ser participante no Reino de Deus e ser livre da condenação eterna.
Mas o seu chamado não terminou assim, ele veio acompanhado por “vai e não
peques mais”. Jesus a estava chamando para uma mudança de vida, sair do pecado,
porque o Reino de Deus se dá para aquele que passa por uma porta estreita e não
larga (Mateus 7: 13 e 14).
Podemos ouvir, neste exemplo, o Salvador chamando aquele que
bebe à sair do pecado, aquele que adultera à deixar essa prática, aquele que
furta à não furtar mais, aquele que é ganancioso à deixar de ser, ao que é
lascivo à deixar a vida de imoralidade, e tantos outros à se desligarem do
pecado a fim de ganhar o Reino de Deus por meio da graça.
Nas palavras de Jesus nós podemos perceber a relação que a
graça tem com o chamado para o arrependimento e mudança de vida. Assim, podemos
aqui concluir dizendo que a graça está disponível ao pecador rompeu com o
passado de pecados. Ela vem para livrar do fardo pesado que adquirimos na vida.
Se você entende o quanto a graça é necessária, precisa ouvir
o chamado de Jesus para negar a sua natureza, seus desejos, concupiscências a
fim de adquirir um tesouro maior que a vida terrena. A voz do Salvador diz:
(Seu nome aqui) vem que eu te perdôo por graça e te livro da
condenação eterna, mas vá e não peques mais.
O que a história dessa discípula nos mostra é que graça está
sobre a vida do cristão que abandonou seu pecado, assim como ela o fez. Por
outro lado, aquele que quiser permanecer no pecado não terá a graça sobre ele,
assim vemos sentido nas Palavras de Jesus no próximo versículo que diz:
Falou-lhes, pois, Jesus outra vez, dizendo: Eu sou a luz do mundo; quem
me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida.
Quando Jesus fala
sobre trevas, está se referindo a três coisas intimamente ligadas, são elas: a
cegueira espiritual, a lei e o pecado. Não há possibilidade de separar estes conceitos,
visto que a lei é a força do pecado, e aquele que não olha com sinceridade de
coração para Jesus através da Palavra, é espiritualmente cego por não poder
enxergar o seu próprio pecado.
Três aspectos compreendem a vida daquele que segue Jesus de
acordo com o último versículo:
·
Ele
enxerga com clareza todas as coisas, tanto dentro de si como fora;
·
Entende
que Cristo já riscou a cédula da lei contrária a nós, portanto não está mais
sujeito à lei;
·
Escuta
o chamado do Pastor para segui-lo.
Seguir Jesus implica em imitar seu caráter. Nós conhecemos
que Jesus é puro e sem pecados. Isso tudo nos faz compreender que a vida de uma
pessoa não pode ter Jesus e o pecado ao mesmo tempo. Se Jesus está na vida de
uma pessoa, ela precisa afastar-se do pecado.
Nós também sabemos que a luz referida por Jesus é a graça.
Numa vida só há espaço para luz ou para as trevas, graça ou pecado, tão verdadeiro
quanto graça ou cegueira e como graça ou lei. Andar na graça é fazer a escolha
por seguir Jesus deixando a atração pelo pecado para trás.
À todas as pessoas que ouviram as palavras deste estudo fica
estabelecida dentro do reino espiritual uma certa responsabilidade: há de se
saber o quanto a satisfação no pecado nos distancia da graça. Aqui há uma
bifurcação onde você pode escolher apenas um caminho com clara consciência.
A graça não é oferta para um pecado consciente, aquele que eu
premedito fazer e em seguida pedir para ser perdoado. Grande parte dos pecados
da maioria dos cristãos é consciente. Ela está proposta para o pecado
inconsciente, aquele que só depois de feito tomamos consciência dele.
Se, por exemplo, um homem sai de sua casa para se deitar com
uma mulher que não é sua esposa, está simplesmente cometendo um pecado com toda
consciência e premeditação.
Sobre isso, Jesus disse: “Quem me segue não andará em
trevas”. Pensar que segue Jesus e andar diferente dele é querer “tampar o sol
com uma peneira”. Andar na luz é algo restrito para quem segue os ensinamentos
de Jesus.
Se observarmos a continuação da história vemos que Maria
Madalena tornou-se discípula de Jesus. Isso indica a grande mudança que
aconteceu na vida dela.
Qualquer pessoa que aceita o chamado para ser discípulo (a)
de Jesus não pode permanecer na vida de pecado como era. Assim como Ele mesmo
proferiu “vai e não peques mais”, essa é, de fato, uma exigência de Cristo. Por
outro lado existem aqueles que não saíram do pecado, mas acreditam ser
discípulos do Senhor Jesus. Estes enganam a si mesmos e escandalizam os que
estão lá fora.
Existe uma diferença maior entre um discípulo verdadeiro e um
falso, essa diferença está em o quanto essa pessoa atenta para a Palavra de
Jesus Cristo. Se ela crê que o seu conteúdo é realmente para guiar a sua vida
ou se ela escolhe apenas aquilo que é conveniente a si dentro do Evangelho.
Alguns cristãos gostam das promessas, gostam da graça, gostam
do amor de Deus que é lindo, palavras que soam suave aos ouvidos. Mas Jesus
ensina muito sobre o pecado, o inferno, a cruz, a porta estreita e diz que
aquele que não faz a vontade do Pai não tem direito à vida eterna (Mateus 7:
21).
Assim como o verdadeiro discípulo é aquele que se abstém do
pecado seguindo fielmente os passos de Jesus, também existe aquele que pensa
ser e não é, e o motivo é que não ouviu as Palavras de Jesus.
Eu sou a porta; se alguém
entrar por mim, salvar-se-á, e entrará, e sairá, e achará pastagens.
João 10:9
João 10:9
Jesus descreve uma porta pela qual se alguém atravessar
encontrou a salvação. A Bíblia também diz que somos salvos pela graça (Efésios
2:8), assim concluímos que Ele se referiu à graça. De fato, a graça foi
manifestada em Jesus Cristo, portanto está correto compreendermos que olhar
para Cristo é ver a graça.
Poderia uma pessoa que não tem Jesus ser alvo da graça? Não,
pois a graça é o ministério de Jesus e, portanto, são inseparáveis. Se a graça
conveniente não tem relação com Jesus Cristo, como pode ser verdadeira? Veja
quanto a graça pregada não tem relação com o Evangelho Bíblico, é uma graça
barata e falsificada.
Ser discípulo de Jesus pressupõe negar suas paixões e
concupiscências. Ou você acredita que Jesus se sentava numa mesa para beber e
rir com os amigos? Acha que Jesus já tomou para si algo que não fosse Dele?
Pensa que Jesus concordaria com os relacionamentos de hoje que não aceitam o
casamento, mas amam o sexo? Seria Jesus ministro do pecado? Aquele que se diz
ser seguidor de Jesus Cristo e permanece no pecado está tentando fazer de Jesus
ministro do pecado. Mas Cristo é santo e imutável, portanto aquele que não se
desfaz do pecado está na ilusão, esse não tem parte com o Salvador nem parte
com a graça por Ele oferecida.
A graça barata se
contrapõe ao chamado de Jesus para sermos seus discípulos. Se pregarmos a graça
apenas como o perdão de pecados sem a mudança de vida, os frutos serão cristãos
que não buscam santidade, fartos e satisfeitos com seus pecados.
A graça barata é a mensagem capaz de lamber as feridas e os
pastores que a pregam são como cães (Lucas 16: 21). E como é a vida de um
ministro que prefere pregar perdão sem critério à pregar a santificação pela
Palavra? Eles ficarão de fora quando Jesus vier – Apocalipse 22: 15.
O Evangelho não tem a característica de ser confortável ou
conveniente, em sua plenitude deve concordar com a mensagem da cruz.
Vamos pensar agora também nos outros discípulos, em todos os
nomes conhecidos no Novo Testamento. Paulo o apóstolo cheio de graça teve que
deixar de ser Saulo quando ouviu o chamado de Cristo. Pedro ouviu o chamado ao
arrependimento por três anos consecutivos, teve que deixar antigo jeito de ser
para ser um verdadeiro discípulo. João, tão amado pelos crentes, era antes o
filho do trovão e teve que mudar sob o chamado para revelar o amor de Deus ao
mundo. Dessa forma, cada um que recebeu a graça mudou de vida para seguir
Jesus.
Apenas um foi a exceção. A Bíblia dá exemplos do amor que Judas
tinha pelo dinheiro (João 12: 6), embora ele tenha ouvido o sermão para
arrepender-se também por três anos, não lhe deu crédito. Esse amor o levou a
trocar Jesus por trinta moedas de prata. Se Judas se desfizesse de seu pecado
favorito amando mais à Cristo, a história seria diferente.
Também o reino dos céus é semelhante a um tesouro escondido num campo,
que um homem achou e escondeu; e, pelo gozo dele, vai, vende tudo quanto tem, e
compra aquele campo. Outrossim o reino dos céus é semelhante ao homem,
negociante, que busca boas pérolas; E, encontrando uma pérola de grande valor, foi, vendeu
tudo quanto tinha, e comprou-a.
Mateus 13:44 a 46
Para ter o Reino do céu na nossa vida, e a graça é parte importante dele, precisamos nos desfazer de nós mesmos, do jeito de ser, dos passatempos favoritos, do apego às coisas terrenas, de tudo o que nos liga ao pecado. Só quando nos despojamos de tudo é que recebemos o Reino de Deus.
Para ter o Reino do céu na nossa vida, e a graça é parte importante dele, precisamos nos desfazer de nós mesmos, do jeito de ser, dos passatempos favoritos, do apego às coisas terrenas, de tudo o que nos liga ao pecado. Só quando nos despojamos de tudo é que recebemos o Reino de Deus.
Irmãos, tanto para o nosso viver quanto para as palavras que
vamos pregar, devemos atentar ao real valor da graça dada por nosso Senhor
Jesus Cristo com sangue. Honrar o Espírito que Ele nos deixou para a
santificação das nossas vidas, o qual também é chamado de Espírito da graça –
Hebreus 10: 29.