Leitura
Bíblica: Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade
edificada sobre um monte; nem se acende a candeia
e se coloca debaixo do alqueire, mas no velador, e dá luz a todos que estão na
casa. Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens,
para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos
céus. Mateus 5 : 14-16.
Eric Liddell
Fui
chamada pelo Espírito Santo a escrever sobre Eric Liddell para trazer um
exemplo prático do que está escrito nos versículos acima. Esse foi um homem com
um coração reverente a Deus, o nosso Pai. A luz de Cristo brilhou na vida dele
para que, através dele, muitos viessem a conhecer Jesus Cristo.
Eric
nasceu na China no ano de 1902 enquanto seus pais James e Mary Liddell haviam
deixado a Escócia para pregar o Evangelho na China. Ele era o segundo do total
de quatro filhos do casal.
Tendo
passado os cinco primeiros anos da sua vida em um campo missionário rural no
interior da China, aprendeu com o exemplo de seus pais o amor pelas almas. Ao
completar 6 anos de idade, seus pais receberam a licença para descansar e
visitar os familiares na Escócia. No final daquele ano, Eric e seu irmão Rob
foram levados a um colégio interno como era costume do grupo de missionários do
qual seus pais faziam parte. Ele foi educado no Elthom College. Os pais podiam
vê-los a cada sete anos quando retornavam de férias do campo missionário para a
Escócia. A separação foi difícil tanto para os pais quanto para os filhos, mas
ambos se correspondiam por cartas semanalmente.
Na
escola havia o período anual para a prática de esportes, Eric e seu irmão
participavam. Os irmãos se destacavam em diversos esportes demonstrando
habilidades atléticas excepcionais. Eles receberam premiações e Eric estabeleceu
um novo recorde na corrida de 100 jardas na escola.
Concluídos
os primeiros anos do estudo, Eric e Rob se tornaram alunos da Universidade de
Edimburgo. Na universidade, Eric participava nas modalidades de Rugby e de
atletismo. Ele participou da seleção nacional de rugby da Escócia, um time
amador que representava o país na série internacional de partidas de rugby.
Também correu nos jogos universitários no ano de 1921. A partir desta data, ele
dominou todos os eventos que competiu. Apesar de competir nos dois esportes,
começou a se destacar mais como corredor. Em 1923, ele escolheu o atletismo
como o único esporte que competiria. Logo ele começou a quebrar recordes nas
pistas 100, 200 e 400 metros de atletismo.
Seu
estilo na corrida era muito diferente. Ele levantava os joelhos, girava os
braços e levantava os olhos para o céu. As pessoas não acreditavam que ele
pudesse vencer da forma como corria, mas ele era um corredor veloz.
Neste
momento de sua vida, Eric desejava estar a serviço de Deus e não sabia como
fazê-lo já que seus pontos fortes eram suas habilidades atléticas. Mesmo assim,
ele se colocou à disposição de Deus. Pouco tempo antes de se formar, Eric
viajou para competir em uma corrida e, nesse lugar, conheceu um grupo de
cristãos que levavam a sério a fé cristã. Eles enfatizavam a necessidade do
relacionamento pessoal com o Senhor Jesus como um Amigo. Isso fortaleceu e
ajudou Eric naquele momento de sua vida.
Esse
grupo, que mais tarde passou a chamar-se grupo de Oxford, ensinava as pessoas a
dedicarem um tempo por dia para estar a sós com Jesus. Esse tempo era chamado
de “hora silenciosa”. O que se fazia durante a hora silenciosa era ler um
trecho da Bíblia e conversar com Jesus através da oração, depois ficar em
silêncio procurando ouvir o que o Senhor diria a eles. Para eles isso era
importante para buscar como Deus os guiaria naquele dia. Eric Liddell passou a
praticar isso na sua vida.
Enquanto
Eric conciliava a vida de estudos e o esporte, recebeu um convite para
participar de uma campanha de evangelismo. D. P. Thompson era o evangelista que
estava fazendo essa campanha em uma cidade de mineração de carvão. Os
trabalhadores não apresentavam nenhum interesse em ouvi-lo. Então Thompson teve
a ideia de convidar Eric Liddell para compartilhar sobre sua experiência cristã.
Eric no principio não quis aceitar o convite, mas no dia seguinte recebeu uma
carta de sua irmã que citava um versículo das Escrituras. Isso o fez entender
que ele deveria aceitar o convite e pregar o Evangelho. Ele imaginava que
ninguém iria comparecer, mas a sua popularidade o ajudou fazendo com que as
pessoas se interessassem em ouvi-lo. Muitas pessoas queriam ouvir o que um
campeão de esportes tinha a dizer e compareceram.
As
olimpíadas estavam chegando e Eric começou a se preparar para competi-la nas
categorias dos 100 e 200 metros. Ao saber que a corrida seria num domingo, Eric
que era presbiteriano (seguia a doutrina de guardar o domingo) decidiu que não
participaria dela. Alguns admiraram sua convicção, outros ficaram enfurecidos
por essa atitude, e alguns o chamaram de traidor do seu país. Eric estava
debaixo de pressão porque a Escócia nunca tinha recebido uma medalha de ouro
nas Olimpíadas, essa era a melhor oportunidade do país até aquele momento. Mas
ele não demonstrava nenhum abalo diante de tudo isso.
O
comitê não poderia mudar a data da corrida, mas resolveu dar a chance para que
ele participasse da corrida de 400 metros. As pessoas não acreditavam que ele
pudesse vencer essa corrida, ele recebia muitas criticas por ter mantido sua decisão
a este respeito. Mesmo assim, ele foi para Paris para participar das Olímpiadas
em 1924 e recebeu a medalha de ouro da prova. Eric estava correndo pela causa
de Cristo, declarava que nestes eventos Cristo seria glorificado. Ele voltou
para a Escócia sendo reconhecido como um herói nacional, Eric se tornou o mais
famoso atleta do país.
O
cristianismo vivido por Eric estava presente nas pistas como também em toda a
sua vida. O caráter resoluto e destemido dele testemunhava sobre Cristo para as
pessoas. Mas ele ainda testemunharia algo muito maior do que apenas corridas e
medalhas olímpicas posteriormente em sua vida.
Enquanto o país celebrava a sua vitória com
inúmeros eventos, jantares e celebrações, D. P. Thompson organizava reuniões
evangelísticas onde Eric falaria. A notoriedade de Eric levava as multidões a
estas reuniões onde ele pregava o Evangelho.
Numa
destas reuniões, Eric discursando após o jantar anunciou que deixaria o esporte
para se dedicar como professor missionário na China. Apesar de muitos não o
compreenderem, ele estava seguindo a vontade de Deus para a sua vida. Ele
sentia que sua carreira no esporte era algo bem menor do que o trabalho dos
missionários que estavam na China. Sentia que o esporte não o tornava digno de
ser o centro das atenções, visto que os missionários faziam o mesmo trabalho de
evangelização. Ele entendia que seu dom o ajudou ao longo do tempo e que isso o
divertia, mas ele não se considerava acima das outras pessoas por causa dele.
Em
1925, Eric estava deixando a Escócia rumo à China. Havia uma grande celebração acontecendo
para ele. Assim que embarcou no trem, disse aos escoceses: “Cristo para o
mundo! Porque o mundo precisa de Cristo”.
Chegando
à China, ele se tornou professor de química e supervisor de esportes na cidade
de Tientsin. Era muito amado pelos alunos e pelos outros professores. Ele
continuou trabalhando para propagar o Evangelho, organizava estudos Bíblicos,
pregava e os esportes lhe rendiam boas oportunidades para ministrar o
Evangelho.
Em
1926, Eric conheceu Florence. Ela era filha de missionários vindos do Canadá.
Ela era mais nova que ele, portanto só em 1929 ele a pediu em casamento. O seu
pai concedeu o pedido com a condição que ela se formasse antes na universidade.
Assim, ela foi estudar Enfermagem no Canadá. Eles estiveram separados por
quatro anos, com exceção de breves encontros durante esses anos. O casamento
ocorreu em 1934 e eles tiveram duas filhas nascidas na China chamadas Patrícia
e Heather.
Em
1937 ele deixou o magistério para atuar como Evangelista numa comunidade rural
na mesma cidade onde viveu com seus pais na infância. Era uma época de guerra e
os soldados japoneses haviam invadido a China. Outros grupos além dos soldados
também lutavam por uma liderança, isso tornava o ambiente constantemente
violento e inseguro. Durante dois anos, ele viajou como evangelista sem saber o
que estaria enfrentando nas ruas e estradas por onde passava.
Nesse
tempo, ele e sua esposa descobriram que ela esperava um bebê. Por causa disso,
eles decidiram que Florence e as meninas deveriam viajar para o Canadá onde
ficariam mais seguras longe da guerra. Os planos eram que ela tivesse o bebê e
o esperasse lá.
Eric
sentia que não poderia abandonar os chineses a quem considerava o seu povo. Então
tomou a decisão de ficar. Eles achavam que a guerra não duraria muito tempo e
logo iriam se reencontrar, mas a guerra se intensificou após o ataque à Pearl
Harbor em 1941.
As
pessoas que viviam no norte da China eram consideradas pelos japoneses como
estrangeiras, depois do ataque à Pearl Harbor passaram a ser consideradas como
inimigas quando os EUA declararam guerra ao Japão. Os japoneses então levaram
estas pessoas para campos de internação.
Nos
campos de internação estavam missionários, empresários, artistas, turistas e
diversas outras pessoas que eram estrangeiros na China. Todos tinham que fazer
trabalhos essenciais para a vida ali dentro como cozinhar, picar carvão, bombear
água e outros.
Houve
um momento que chegaram ali cerca de trezentas crianças que estudavam num
internato na China, eles eram filhos de missionários e foram separados de seus
pais. Eric que havia crescido longe de seus pais teve uma grande compaixão por
estas crianças e adolescentes.
Eric
era reconhecido pelos internos como aquele que venceu as Olimpíadas e aquele
que não quis competir no domingo. Ele andava pelo campo, era sempre muito
simpático, bem-humorado, procurava animar as pessoas. Era bondoso com aquele
grupo de crianças e adolescentes porque estavam separados de seus pais. Ele
também sentia falta de sua família, isso o levava a se aproximar daquelas
crianças.
Os
quartos daquele campo serviam para grupos, não havia quartos particulares. Mesmo
assim, Eric continuava com a sua hora silenciosa. Ele se levantava cedo, pegava
uma lamparina a óleo para ler a sua Bíblia e ter um tempo de oração. Joe
Coterril, que dormia no mesmo quarto, também tinha o mesmo hábito que Eric e quis
se juntar. Ele se tornou companheiro de Eric na hora silenciosa.
Joe
conta que a companhia de Eric foi fundamental para que ele se mantivesse
mentalmente equilibrado. Ele relata que a atitude de Eric testemunhava o que
ele conhecia da Bíblia. Que Eric não era religioso em suas atitudes, mas se
preocupava em servir com o seu exemplo. Ele era amável com as pessoas, isso
fazia dele uma pessoa realmente parecida com Jesus Cristo.
Eric
estava sempre disponível para atender e conversar com os adolescentes. Ele ensinava
química para eles, dentro do campo havia professores que se organizaram para
que as aulas das crianças não parassem. Eles não tinham salas de aulas, mas as
realizavam individualmente ou em pequenos grupos. Ele também ajudou a organizar
atividades esportivas.
A
fé de Eric servia de exemplo para os internos no exemplo de como viver em
Cristo naquela situação. Ele trazia aos internos questões como amar os
japoneses e os guardas daquele lugar baseando-se no que a Jesus disse em Mateus
5 sobre sermos perfeitos como nosso Pai é perfeito. Ele os lembrava de que
somos chamados a amar os nossos inimigos. Veja:
Eu, porém, vos
digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que
vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos
do vosso Pai que está nos céus; Porque faz que o seu sol se levante sobre maus
e bons, e a chuva desça sobre justos e injustos. Pois, se amardes os que vos
amam, que galardão tereis? Não fazem os publicanos também o mesmo? E, se
saudardes unicamente os vossos irmãos, que fazeis de mais? Não fazem os
publicanos também assim? Sede vós pois perfeitos, como é perfeito o vosso Pai
que está nos céus. Mateus 5: 44 a 48
Eric
os ensinou sobre o fato de que gastamos muito do nosso tempo de oração
intercedendo por aqueles que amamos enquanto passamos pouco tempo orando por
aqueles que não gostamos. E os desafiou a orar pelos japoneses.
No final do ano de 1944, um dos
companheiros de Eric notou que a sua fala estava um pouco mais lenta, que sua
habilidade em responder já não estava plena como antes, notou também algumas
variações no humor. Neste mesmo tempo, Eric começou a reclamar que estava tendo
graves dores de cabeça. Ele foi ficando mais lento e também encontrava
dificuldade para andar e se movimentar. Mas os internos achavam tudo aquilo
normal, porque a alimentação deles era cada vez mais escassa.
Ele foi enviado ao hospital, acharam
que deveria ser uma crise de exaustão ou algo semelhante. Ele ficou um pouco
melhor nesse tempo. Voltou ao campo, mas teve que retornar ao hospital. Neste
momento, o médico começou a suspeitar que ele estivesse com um tumor cerebral.
Infelizmente o hospital não tinha equipamento de raio x para verificar.
Uma das adolescentes a visitava
todos os dias para contar a ele as coisas que aconteciam no campo. Eles também
conversavam sobre o que ela lera naquele dia. Eles estavam conversando sobre o
capítulo 3 do livro que Eric havia escrito, sobre a rendição da nossa vontade
para realizar a vontade de Deus. A sua última palavra para Joyce foi “rendição”
e depois partiu para morar com Deus. Isso aconteceu em 1945, cinco meses depois
a guerra acabou.
Eric
completou sua obra mais notável aqui na Terra servindo aquelas pessoas,
principalmente as crianças e adolescentes no campo de internação. Ele não
estava recebendo prêmios naquele lugar, mas certamente aquelas pessoas tiveram
a chance de conhecer Jesus através de alguém que decidiu ser luz neste mundo.
Ele seguiu o exemplo do seu Mestre deixando uma vida de celebridade para servir
pessoas humildes, assim como Jesus deixou ou céu para servir os homens aqui na
Terra. Um trabalho que para ele era mais relevante do que qualquer outro que
lhe rendesse medalhas.
Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=Vu7iUDezXMY canal O dia do Senhor sabbath
cristão, vídeo Eric Liddel – documentário dublado, data 09/02/25.