9 de fev. de 2025

Eric Liddell

 

Leitura Bíblica: Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte; nem se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas no velador, e dá luz a todos que estão na casa. Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus. Mateus 5 : 14-16.

 

Eric Liddell

 

Fui chamada pelo Espírito Santo a escrever sobre Eric Liddell para trazer um exemplo prático do que está escrito nos versículos acima. Esse foi um homem com um coração reverente a Deus, o nosso Pai. A luz de Cristo brilhou na vida dele para que, através dele, muitos viessem a conhecer Jesus Cristo.

Eric nasceu na China no ano de 1902 enquanto seus pais James e Mary Liddell haviam deixado a Escócia para pregar o Evangelho na China. Ele era o segundo do total de quatro filhos do casal. 

Tendo passado os cinco primeiros anos da sua vida em um campo missionário rural no interior da China, aprendeu com o exemplo de seus pais o amor pelas almas. Ao completar 6 anos de idade, seus pais receberam a licença para descansar e visitar os familiares na Escócia. No final daquele ano, Eric e seu irmão Rob foram levados a um colégio interno como era costume do grupo de missionários do qual seus pais faziam parte. Ele foi educado no Elthom College. Os pais podiam vê-los a cada sete anos quando retornavam de férias do campo missionário para a Escócia. A separação foi difícil tanto para os pais quanto para os filhos, mas ambos se correspondiam por cartas semanalmente.

Na escola havia o período anual para a prática de esportes, Eric e seu irmão participavam. Os irmãos se destacavam em diversos esportes demonstrando habilidades atléticas excepcionais. Eles receberam premiações e Eric estabeleceu um novo recorde na corrida de 100 jardas na escola.

Concluídos os primeiros anos do estudo, Eric e Rob se tornaram alunos da Universidade de Edimburgo. Na universidade, Eric participava nas modalidades de Rugby e de atletismo. Ele participou da seleção nacional de rugby da Escócia, um time amador que representava o país na série internacional de partidas de rugby. Também correu nos jogos universitários no ano de 1921. A partir desta data, ele dominou todos os eventos que competiu. Apesar de competir nos dois esportes, começou a se destacar mais como corredor. Em 1923, ele escolheu o atletismo como o único esporte que competiria. Logo ele começou a quebrar recordes nas pistas 100, 200 e 400 metros de atletismo.

Seu estilo na corrida era muito diferente. Ele levantava os joelhos, girava os braços e levantava os olhos para o céu. As pessoas não acreditavam que ele pudesse vencer da forma como corria, mas ele era um corredor veloz.

Neste momento de sua vida, Eric desejava estar a serviço de Deus e não sabia como fazê-lo já que seus pontos fortes eram suas habilidades atléticas. Mesmo assim, ele se colocou à disposição de Deus. Pouco tempo antes de se formar, Eric viajou para competir em uma corrida e, nesse lugar, conheceu um grupo de cristãos que levavam a sério a fé cristã. Eles enfatizavam a necessidade do relacionamento pessoal com o Senhor Jesus como um Amigo. Isso fortaleceu e ajudou Eric naquele momento de sua vida.

Esse grupo, que mais tarde passou a chamar-se grupo de Oxford, ensinava as pessoas a dedicarem um tempo por dia para estar a sós com Jesus. Esse tempo era chamado de “hora silenciosa”. O que se fazia durante a hora silenciosa era ler um trecho da Bíblia e conversar com Jesus através da oração, depois ficar em silêncio procurando ouvir o que o Senhor diria a eles. Para eles isso era importante para buscar como Deus os guiaria naquele dia. Eric Liddell passou a praticar isso na sua vida.

Enquanto Eric conciliava a vida de estudos e o esporte, recebeu um convite para participar de uma campanha de evangelismo. D. P. Thompson era o evangelista que estava fazendo essa campanha em uma cidade de mineração de carvão. Os trabalhadores não apresentavam nenhum interesse em ouvi-lo. Então Thompson teve a ideia de convidar Eric Liddell para compartilhar sobre sua experiência cristã. Eric no principio não quis aceitar o convite, mas no dia seguinte recebeu uma carta de sua irmã que citava um versículo das Escrituras. Isso o fez entender que ele deveria aceitar o convite e pregar o Evangelho. Ele imaginava que ninguém iria comparecer, mas a sua popularidade o ajudou fazendo com que as pessoas se interessassem em ouvi-lo. Muitas pessoas queriam ouvir o que um campeão de esportes tinha a dizer e compareceram.

As olimpíadas estavam chegando e Eric começou a se preparar para competi-la nas categorias dos 100 e 200 metros. Ao saber que a corrida seria num domingo, Eric que era presbiteriano (seguia a doutrina de guardar o domingo) decidiu que não participaria dela. Alguns admiraram sua convicção, outros ficaram enfurecidos por essa atitude, e alguns o chamaram de traidor do seu país. Eric estava debaixo de pressão porque a Escócia nunca tinha recebido uma medalha de ouro nas Olimpíadas, essa era a melhor oportunidade do país até aquele momento. Mas ele não demonstrava nenhum abalo diante de tudo isso.

O comitê não poderia mudar a data da corrida, mas resolveu dar a chance para que ele participasse da corrida de 400 metros. As pessoas não acreditavam que ele pudesse vencer essa corrida, ele recebia muitas criticas por ter mantido sua decisão a este respeito. Mesmo assim, ele foi para Paris para participar das Olímpiadas em 1924 e recebeu a medalha de ouro da prova. Eric estava correndo pela causa de Cristo, declarava que nestes eventos Cristo seria glorificado. Ele voltou para a Escócia sendo reconhecido como um herói nacional, Eric se tornou o mais famoso atleta do país.

O cristianismo vivido por Eric estava presente nas pistas como também em toda a sua vida. O caráter resoluto e destemido dele testemunhava sobre Cristo para as pessoas. Mas ele ainda testemunharia algo muito maior do que apenas corridas e medalhas olímpicas posteriormente em sua vida.

 Enquanto o país celebrava a sua vitória com inúmeros eventos, jantares e celebrações, D. P. Thompson organizava reuniões evangelísticas onde Eric falaria. A notoriedade de Eric levava as multidões a estas reuniões onde ele pregava o Evangelho.

Numa destas reuniões, Eric discursando após o jantar anunciou que deixaria o esporte para se dedicar como professor missionário na China. Apesar de muitos não o compreenderem, ele estava seguindo a vontade de Deus para a sua vida. Ele sentia que sua carreira no esporte era algo bem menor do que o trabalho dos missionários que estavam na China. Sentia que o esporte não o tornava digno de ser o centro das atenções, visto que os missionários faziam o mesmo trabalho de evangelização. Ele entendia que seu dom o ajudou ao longo do tempo e que isso o divertia, mas ele não se considerava acima das outras pessoas por causa dele.

Em 1925, Eric estava deixando a Escócia rumo à China. Havia uma grande celebração acontecendo para ele. Assim que embarcou no trem, disse aos escoceses: “Cristo para o mundo! Porque o mundo precisa de Cristo”.

Chegando à China, ele se tornou professor de química e supervisor de esportes na cidade de Tientsin. Era muito amado pelos alunos e pelos outros professores. Ele continuou trabalhando para propagar o Evangelho, organizava estudos Bíblicos, pregava e os esportes lhe rendiam boas oportunidades para ministrar o Evangelho.

Em 1926, Eric conheceu Florence. Ela era filha de missionários vindos do Canadá. Ela era mais nova que ele, portanto só em 1929 ele a pediu em casamento. O seu pai concedeu o pedido com a condição que ela se formasse antes na universidade. Assim, ela foi estudar Enfermagem no Canadá. Eles estiveram separados por quatro anos, com exceção de breves encontros durante esses anos. O casamento ocorreu em 1934 e eles tiveram duas filhas nascidas na China chamadas Patrícia e Heather.

Em 1937 ele deixou o magistério para atuar como Evangelista numa comunidade rural na mesma cidade onde viveu com seus pais na infância. Era uma época de guerra e os soldados japoneses haviam invadido a China. Outros grupos além dos soldados também lutavam por uma liderança, isso tornava o ambiente constantemente violento e inseguro. Durante dois anos, ele viajou como evangelista sem saber o que estaria enfrentando nas ruas e estradas por onde passava.

Nesse tempo, ele e sua esposa descobriram que ela esperava um bebê. Por causa disso, eles decidiram que Florence e as meninas deveriam viajar para o Canadá onde ficariam mais seguras longe da guerra. Os planos eram que ela tivesse o bebê e o esperasse lá.

Eric sentia que não poderia abandonar os chineses a quem considerava o seu povo. Então tomou a decisão de ficar. Eles achavam que a guerra não duraria muito tempo e logo iriam se reencontrar, mas a guerra se intensificou após o ataque à Pearl Harbor em 1941.

As pessoas que viviam no norte da China eram consideradas pelos japoneses como estrangeiras, depois do ataque à Pearl Harbor passaram a ser consideradas como inimigas quando os EUA declararam guerra ao Japão. Os japoneses então levaram estas pessoas para campos de internação.

Nos campos de internação estavam missionários, empresários, artistas, turistas e diversas outras pessoas que eram estrangeiros na China. Todos tinham que fazer trabalhos essenciais para a vida ali dentro como cozinhar, picar carvão, bombear água e outros.

Houve um momento que chegaram ali cerca de trezentas crianças que estudavam num internato na China, eles eram filhos de missionários e foram separados de seus pais. Eric que havia crescido longe de seus pais teve uma grande compaixão por estas crianças e adolescentes.

Eric era reconhecido pelos internos como aquele que venceu as Olimpíadas e aquele que não quis competir no domingo. Ele andava pelo campo, era sempre muito simpático, bem-humorado, procurava animar as pessoas. Era bondoso com aquele grupo de crianças e adolescentes porque estavam separados de seus pais. Ele também sentia falta de sua família, isso o levava a se aproximar daquelas crianças.

Os quartos daquele campo serviam para grupos, não havia quartos particulares. Mesmo assim, Eric continuava com a sua hora silenciosa. Ele se levantava cedo, pegava uma lamparina a óleo para ler a sua Bíblia e ter um tempo de oração. Joe Coterril, que dormia no mesmo quarto, também tinha o mesmo hábito que Eric e quis se juntar. Ele se tornou companheiro de Eric na hora silenciosa.

Joe conta que a companhia de Eric foi fundamental para que ele se mantivesse mentalmente equilibrado. Ele relata que a atitude de Eric testemunhava o que ele conhecia da Bíblia. Que Eric não era religioso em suas atitudes, mas se preocupava em servir com o seu exemplo. Ele era amável com as pessoas, isso fazia dele uma pessoa realmente parecida com Jesus Cristo.

Eric estava sempre disponível para atender e conversar com os adolescentes. Ele ensinava química para eles, dentro do campo havia professores que se organizaram para que as aulas das crianças não parassem. Eles não tinham salas de aulas, mas as realizavam individualmente ou em pequenos grupos. Ele também ajudou a organizar atividades esportivas.

A fé de Eric servia de exemplo para os internos no exemplo de como viver em Cristo naquela situação. Ele trazia aos internos questões como amar os japoneses e os guardas daquele lugar baseando-se no que a Jesus disse em Mateus 5 sobre sermos perfeitos como nosso Pai é perfeito. Ele os lembrava de que somos chamados a amar os nossos inimigos. Veja:

Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus; Porque faz que o seu sol se levante sobre maus e bons, e a chuva desça sobre justos e injustos. Pois, se amardes os que vos amam, que galardão tereis? Não fazem os publicanos também o mesmo? E, se saudardes unicamente os vossos irmãos, que fazeis de mais? Não fazem os publicanos também assim? Sede vós pois perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos céus.  Mateus 5: 44 a 48

 

Eric os ensinou sobre o fato de que gastamos muito do nosso tempo de oração intercedendo por aqueles que amamos enquanto passamos pouco tempo orando por aqueles que não gostamos. E os desafiou a orar pelos japoneses.

            No final do ano de 1944, um dos companheiros de Eric notou que a sua fala estava um pouco mais lenta, que sua habilidade em responder já não estava plena como antes, notou também algumas variações no humor. Neste mesmo tempo, Eric começou a reclamar que estava tendo graves dores de cabeça. Ele foi ficando mais lento e também encontrava dificuldade para andar e se movimentar. Mas os internos achavam tudo aquilo normal, porque a alimentação deles era cada vez mais escassa.

            Ele foi enviado ao hospital, acharam que deveria ser uma crise de exaustão ou algo semelhante. Ele ficou um pouco melhor nesse tempo. Voltou ao campo, mas teve que retornar ao hospital. Neste momento, o médico começou a suspeitar que ele estivesse com um tumor cerebral. Infelizmente o hospital não tinha equipamento de raio x para verificar.

            Uma das adolescentes a visitava todos os dias para contar a ele as coisas que aconteciam no campo. Eles também conversavam sobre o que ela lera naquele dia. Eles estavam conversando sobre o capítulo 3 do livro que Eric havia escrito, sobre a rendição da nossa vontade para realizar a vontade de Deus. A sua última palavra para Joyce foi “rendição” e depois partiu para morar com Deus. Isso aconteceu em 1945, cinco meses depois a guerra acabou.

Eric completou sua obra mais notável aqui na Terra servindo aquelas pessoas, principalmente as crianças e adolescentes no campo de internação. Ele não estava recebendo prêmios naquele lugar, mas certamente aquelas pessoas tiveram a chance de conhecer Jesus através de alguém que decidiu ser luz neste mundo. Ele seguiu o exemplo do seu Mestre deixando uma vida de celebridade para servir pessoas humildes, assim como Jesus deixou ou céu para servir os homens aqui na Terra. Um trabalho que para ele era mais relevante do que qualquer outro que lhe rendesse medalhas.

 

Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=Vu7iUDezXMY canal O dia do Senhor sabbath cristão, vídeo Eric Liddel – documentário dublado, data 09/02/25.

 

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